Cigana Fatima Amaya

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***Não sabemos explicar muitos de nossos comportamentos mais expontâneos, porque fazem parte da nossa herança ancestral. Até que alguém acenda uma luz e nos diga claramente o porquê de detalhes que antes nem sequer notávamos.O extraordinário trabalho de pesquisa de Sándor Avraham é esta espécie de espelho, que nos deixa perplexos».

João Romano Filho (Sinto Estraxhari do Brasil)


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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Tempo dos Ciganos ( "Dom Za Vesanje" 1989 ) Direção Emir Kusturica

Título Original:
"Dom Za Vesanje" (1989)

Realização:
Emir Kusturica

Argumento:
Emir Kusturica & Gordan Mihic

Actores:
Davor Dujmovic - Perhan
Ljubica Adzovic - Grandmother
Elvira Sali - Danira




Emir Kusturica


Kusturika é um nome que ficará marcado na história do cinema, como símbolo da irreverência e do tom jocoso com o qual nos brinda em todos os seus filmes, como é o caso deste Tempo dos Ciganos que ficará também marcado pelo facto de ser o primeiro a ser filmado apenas com diálogos falados em língua cigana.


Tempos dos Ciganos retracta sob a forma de caricatura a comunidade cigana na Jugoslávia, e a acção centra-se sobre a família de Perhan, o protagonista que tem uma grande adoração pela a sua irmã e pelo peru que a sua avó lhe ofereceu, levando-o para todo o lado e tentando manter longos contactos com ele. Ele também tem poderes mágicos, é capaz de mover objectos apenas com o olhar.
Na sua casa vive também a sua irmã Danira, que é muito doente e tem um grave problema nas pernas que a impossibilita de andar muito; e o homem que se casou com a sua mãe e que o rejeita, pois pelo que dizem as más línguas Perhan terá sido fruto da união da sua mãe com um soldado. Este homem, que constantemente o chama de bastardo, é um verdadeiro casanova e viciado no jogo, perde tudo o que tem.
Perhan apaixona-se por uma bela rapariga e sonha casar-se com ela, porém a sua mãe não o considera digno para ela pois não é rico. Deste modo à face da doença da irmã e dos estragos que o seu “pai” faz (todas as suas dívidas) parte para Itália com a promessa de melhores tempos.
Iludido por outro cigano (preguiçoso e egoísta) que diz que o vai ajudar, leva a sua irmã para um hospital para ser operada ás pernas. Porém contrariamente à promessa que havia feito à sua avó e à sua irmã, não lhe é permitido acompanhar a irmã nos tratamentos, pelo facto que é obrigado a abandona-la no hospital.
Perhan é levado para um acampamento cigano e aqui tem contacto com o mundo da prostituição e do crime (roubos e também venda de crianças). Ao fim de algum tempo consegue reunir muito dinheiro e ainda mais ilusões, pois a casa que lhe tinham prometido era uma farsa, tal como a suposta operação à perna da sua irmã.
Ao voltar para a Jugoslávia, já é um homem e descobre que a sua noiva está gravida, porém convence-se de que o bebé não lhe pertence. Assim casa-se com ela na condição de vencer o “bastardo” ...

Entre festas de casamentos, ou trabalhos como criar cal, ou dias de chuva, podemos observar um rol de situações caricatas de um humor característico do Kusturica, desde um homem a passear um porco, a outro que numa discussão com a mulher a pendura no cabide, até ao ciúme do peru perante o seu dono e ainda podemos ver as paredes duma casa serem içadas com a ajuda do reboque de um carro.
Pobreza versus riqueza, venda de crianças, prostituição infantil, roubo e assassínio é o modo como podemos resumir o filme que tantas gargalhadas arranca do espectador que o vê. Um drama que se camufla de comédia para que a vida não seja preta no branco e sem vontade de ser olhada.

Este filme apesar do tom jocoso, e harmonioso como as personagens se cruzam (sempre em festas e festejos) também denuncia certas realidades, certos podres da comunidade cigana, mas que ao fim ao cabo existe em qualquer uma. Um jogo de interesses, onde o que mais importa é o outro e o dinheiro que se consegue obter e a honra, para isso tudo é considerável viável de ser feito.

Tempos dos Ciganos ganhou o prémio de Melhor Realizador em Cannes no ano de 1989 e ainda foi candidato aos prémios César em França para a categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
Por Gypsy Alexandra Amaya Marquéz 

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